Last March, our team member Diego Torres together with collaborators from the Museum of Astronomy and related Sciences (MAST) of the city of Rio de Janeiro, embarked on an amazing 3-day adventure to one of the most beautiful regions of the Green Coast in Brazil. Here is his account of this wonderful visit to a small school in the secluded beach of Ponta Negra (in Portuguese).
“Sem dúvida alguma, a visita a Ponta Negra (Paraty) foi uma das melhores experiências da minha vida!!
No entanto, essa aventura, que tive o prazer de dividir com o Augusto e a Aline do MAST, não começou da melhor das maneiras. Para se chegar à Ponta Negra, praia paradisíaca onde aconteceriam as atividades do GalileoMobile, era necessário passar dentro de um condomínio (chamado Laranjeiras) onde haviam inúmeros imóveis de luxo pertencentes às maiores fortunas do Brasil e no interior do qual os moradores passeavam de helicóptero. Um mundo próximo porém completamente diferente daquele que iramos encontrar minutos depois. Apesar de não terem o direito de proibir a passagem dos turistas e moradores, o acesso aos barcos para Ponta Negra, por exemplo, é bastante dificultado pelos agentes de segurança, o que gera desconforto e desistência da parte de muitos turistas.
Quando chegamos à Ponta Negra, pouco antes do pôr do sol, parecia não ser verdade que este seria o lugar onde iríamos trabalhar. Fomos muito bem recebidos pela comunidade Caiçara que lá vive. Como moradores de uma cidade grande, habituados a não confiar no próximo, ficamos receosos de deixar o material (telescópios, etc) na praia enquanto procurávamos o lugar onde dormiríamos. Rapidamente percebi que não havia motivo algum para temer e senti um pouco de vergonha da minha própria desconfiança.
As atividades do GalileoMobile eram complementares à Mostra Maré Cheia de cinema, que ocorre uma vez por ano em Ponta Negra e cujo tema de 2016 era a astronomia. Quando chegamos na praia, a infraestrutura estava sendo montada: o telão na areia e o gerador de energia elétrica (não há eletricidade em Ponta Negra!).
Sim, é possível realizar um festival de cinema de 4 dias com um gerador portátil!! A mostra de cinema começava ao anoitecer, sob a luz da lua, sem muita hora prevista. Aliás, a noção de tempo naquele lugar é um pouco distinta da nossa. Quando perguntávamos aos organizadores sobre o início das atividades, eles respondiam: “ah, acordem a gente lá pelas 9 da manhã…”. Na verdade, ninguém, exceto os “astronautas” – nosso carinhoso apelido em Ponta Negra- parecia se preocupar com relógios. Nos adaptamos rapidamente a esse estilo de vida.
As atividades sobre o sistema solar e orientação através dos astros foi muito bem recebida pela equipe do cinema, que nos ajudou constantemente, e sobretudo pelas crianças. Eles ficaram impressionados com as distâncias interplanetárias! Porém, sem dúvida alguma, os momentos de maior troca eram durante as noites de observação do céu. Conversamos sobre física, astronomia, filosofia, origem da vida, do Universo, vida extra-terrestre com a população local, cineastas, advogados, engenheiros, professores, desempregados.. Cada um com um ponto de vista ou teoria mais interessante que a outra. Tive a impressão depois de cada conversa que poderia me tornar amigo próximo das pessoas com quem interagia. Nunca vi uma densidade tão grande de gente tão diferente, tão aberta e de bom coração. Isso tornou o nosso “trabalho” ainda mais gratificante.
Segundo alguns turistas “a fila pra chegar ao telescópio e poder ver os astros estava maior do que montanha russa em parque de diversão”. Mesmo assim eles esperavam. Alguns um tanto tristes pois tinham acabado de descobrir que Plutão não era mais um planeta. Pudemos observar as 4 maiores luas de Júpiter. Os anéis de Saturno e Titã. Muitos se emocionaram de verdade e não paravam de nos agradecer. Era um sentimento mútuo. Ponta Negra é um lugar mágico porque é feito por pessoas mágicas. Espero voltar o mais rápido possível!!”